Sinta-se em casa… Na Antuérpia – Kulminator

Por Amanda Henriques

Fizemos uma viagem cervejeira em abril e escolhemos a Antuérpia como cidade-base de uma parte do roteiro. Isso porque ela é estrategicamente próxima a três mosteiros: a abadia da La Trappe (Koningshoeven) na Holanda, a abadia da Achel (Saint-Benedictus Abbey) na Bélgica e a abadia de Westmalle (Bélgica, a 20 minutos da estação central da Antuérpia).

Mas não escolhemos apenas por isso.

A Antuérpia pode se orgulhar de ter um dos bares mais interessantes do mundo: o Kulminator.
O Kulminator é um local que existe graças à paixão de um casal de colecionadores de cervejas. Ao longo dos anos eles conseguiram rótulos fabricados há décadas e hoje contam com mais de 800 opções em seu bar. O Kulminator também tem chopes on tap, mas aqui o destaque são para as garrafas antigas entre as quais é possível, por exemplo, encontrar uma Chimay do ano do seu aniversário (e não importa qual seja o ano).

É quase um absurdo chamar o Kulminator de bar. A impressão que você tem ao entrar é de estar visitando a casa de uma tia-avó acumuladora, mas daquelas que te abraçam apertado pra quebrar suas costelas e você… Gosta. Você gosta das revistas antigas, dos brinquedos que eram sucesso há três décadas, dos recortes de jornal e vários quadrinhos e bibelôs e plantas e penduricalhos e… Gatos! Os gatos estão por todos os lugares e ai de você se tratar mal os bebês do Dirk e da Leen, os donos do lugar.

Aliás o Dirk é praticamente uma figura mitológica. O bar tem sim vários rótulos antigos, mas ele é conhecido por não vender as garrafas para “qualquer um”. E se você vai conseguir levar para casa o que quer, bem… Aí já é uma outra história. Sabendo disso, confesso que cheguei no bar com um certo receio de, VAI-QUE, ele não tenha simpatia por brasileiros.

Pois bem, chegamos ao bar à noite e dividimos um espacinho entre caixas e revistas com mais duas pessoas. Lá é assim. E aliás, por toda a Europa as mesas são compartilhadas com frequência. O Brasil poderia adotar esse jeito simpático de curtir uma cerveja, não?

Fomos atendidos pela Leen que trouxe uma Black Mikkeller e uma Barrel Aged Project (2013) #3 – Sauternes. Dei uma olhada em volta e não vi o dito mal humorado Dirk, então parti para a degustação dos chopes enquanto folheava as páginas de um verdadeiro livro de rótulos antigos.

Lupulindos!

Por fim, acompanhado de um gato malhado serelepe, o Dirk apareceu e foi cruzando o bar até a porta. Foi então que o Anderson pediu autorização para tirar algumas fotos e chamou a atenção dele. Mal humorado? Nada! Quando ele soube que éramos brasileiros ele logo puxou papo falando que um dos seus amigos morava perto da fronteira e que um outro brasileiro já tinha passado pelo bar e deixado uma lembrança… Dirk  foi calmamente lá dentro e buscou uma garrafinha vazia de Wäls Quadrupel e encheu a nossa brasileira de elogios. Uma mineira perdida na Antuérpia, quem diria!

Aquilo foi sensacional e ficamos felizes ao falar sobre as cervejarias brasileiras e como o nosso mercado está crescendo. O Dirk aproveitou a oportunidade e trouxe um mapa gigante para marcarmos algumas cervejarias brasileiras em seus respectivos estados.

Conversamos por muito tempo e fomos embora com pena de partir.
Deixamos um bilhete agradecendo toda a atenção e hospitalidade. Agradecemos pelo carinho com aquele lugar, um verdadeiro museu de cerveja movido à paixão. E fomos embora com um outro mapinha feito pelo próprio Dirk com o melhor caminho até o nosso hotel.

O Kulminator foi um bar que marcou a Maria Cevada.

Kulminator
Endereço: Vleminckveld 32, 2000 Antwerpen, Bélgica
Horário:  segunda 20h-0h
terça a sábado 16h-0h
Fechado aos domingos

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *